Páginas

[vida adulta, hora de ir em frente]


Tenho conversado com alguns amigos, falado sobre coragem, adultismo, autossuficiência e essas coisas...
Agora, pensar alto, pensamento com fonte, letras e textos...
Muitos dos meus amigos já devem saber um pouco da minha história que foi maior nos últimos 2 anos do que em toda a minha vida. Então não vou entrar em detalhes do clímax desses 2 anos, quero mesmo falar de um dos momentos menos significantes, os que ainda não falei: quando mudei de estado.
Depois daquela despedida no aeroporto, me senti muito sozinho na sala de embarque, olhei pro lado e vi dois jornais diferentes e imediatamente me apeguei a eles. Eu não escutava muita coisa naquela hora. Só minha respiração, que parecia raspar e fazer barulho em todas as vias respiratórias por onde passava, e essas pareciam estar diretamente ligadas à minha audição.
Estava deveras medroso do que estava acontecendo, por fora um ar decidido, durão, sem lágrimas, sem dores, sem medos, por dentro uma sensação terrível, um pessimismo insistente, que não deixava os flashes de otimismo durarem mais que 5 segundos.
Carregava no bolso 200 reais, conseguidos nas vésperas da viagem e só. No coração estava carregando batidas cansadas, à pouco havia começado a viver a solidão.
Nunca gostei de ficar sozinho, de repente eu estava dando adeus a todo mundo e partindo pra um estado caro, sem nenhuma perspectiva, sem nenhuma garantia, sem nenhuma possibilidade de volta. Sim, eu estava saindo e deixando as portas fechadas (naquele momento fazia-se necessário fechar aquela porta).
Quando cheguei em Brasília, as pessoas que haviam combinado comigo de me buscar no aeroporto não estavam lá. Não havia um conhecido sequer lá. As batidas cansadas começaram a encontrar forças de não sei onde para continuar a fornecer adrenalina ao meu corpo. Se eu pegasse um táxi com destino ao endereço anotado naquele pedacinho de papel nas minhas mãos o pouco dinheiro que carregava não seria suficiente. Sentei, acendi um cigarro e minhas lágrimas começaram a não serem mais suportadas por dentro e caiam pelo meu rosto, deixando o pessimismo me assustar, mas por que me deixar chorar? Por que me entregar ao pessimismo? Comecei a pensar que eu precisava fazer alguma coisa, naquela hora.
Naquele momento tive um dos melhores diálogos comigo mesmo. Cheguei à conclusão de que precisava pisar em cima daquele pessimismo, orgulho, medo e principalmente do costumes caros. E apesar de não passar de uma biba ferrada naquele momento eu precisava começar a agir como ums biba-macho.
A vida adulta é terrível. Chamo atenção ao fato de que quando eu era criança morria de medo de todas as outras crianças e agora continuo com medo das outras crianças adultas que me rodeiam.

Nenhum comentário: