Pensamentos soltos sobre a pressa
Caminhos pedalados em 3 meses
Os primeiros dias foram difíceis. Antes, nem mesmo ao supermercado, que fica a 300 metros de casa, eu ia sem o carro. Tente imaginar o tamanho da dificuldade que foi pegar a bicicleta para dar o primeiro rolê. Peguei-a. O primeiro dia foi beeem foda, depois de algumas poucas centenas de metros, da cintura para baixo, eu era formado apenas por dores.
Depois de alguns dias com dores na adaptação, veio o melhor: o costume. Eu já não estava mais tão focado no ato de pedalar, já podia olhar para os lados e sentir o que tinha ao meu redor: prédios, árvores, jardins, gramados, matagais, gente, olhares, vidas, rostos curiosos, animais. Tinha a vida ali, todinha à minha disposição. Para eu olhar, gostar, fotografar, filmar, guardar, olhar de novo no dia seguinte, analisar, sentir, medir, pedir, sorrir e tudo mais.
Em um desses dias, o Wilton, conterrâneo conhecido, comentou em uma das minhas fotos, que passei a fazer diariamente dos meus "Caminhos de casa" e "Caminhos do trabalho": "Quero ir caminhado para tua casa um dia."
Wilton, esse post é para você, também para outros amigos que queiram belezas nos caminhos de suas casas e trabalhos, é para todo mundo que vive estressado dentro de um carro (buzinando que nem loucos e gritando estéricos com qualquer vacilo dos outros no transito), escravos de uma rotina engarrafada, escravos de longas horas de espera entre o curto caminho dos seus trabalhos e suas casas: Os 5 quilômetros entre minha casa e trabalho, antes consumidores de 1 hora para ir e 1 hora para voltar, se transformaram em 15 minutos, com direito a pausas para fotos do que tiver de bonito no caminho.
Reuni nesse post, uma pequena coletânea das fotos que fiz nos "Caminhos de casa" e "Caminhos do trabalho". Quero começar por duas fotos em especial: as fotos que fiz em um dos dias que me deu preguiça de ir trabalhar de bicicleta e eu cedi à tentação. Veja:
Algo belo?
Agora as fotos dos dias que fiquei firme na ideia de ir de bicicleta para qualquer lugar que eu precisasse e quisesse:
Come on!
pior
fumaça de vela. e de cigarro.
pela janela passa um boêmio, que dois passos dá e um espirro. Debaixo de uma luz amarela ele amarga algum pesadelo, seja o de um amor que se foi, seja o de andar sozinho por esse beco sem dono, sem regras, sem leis.
e assim que a música acaba ele se vai, e mais alguém fica sozinho. De novo. Ele foi. A poesia ficou.
Sobre Marauê, Piauí e Piauienses
A poucos dias, Marauê Carneiro, Ator que estava com uma peça em cartaz no Piauí, postou no seu facebook sua opinião a respeito do Piauí. Segundo ele, o Piauí é do mundo o cu, se o mundo o tiver. Centenas de piauienses ofendidos com a opinião dele, resolveram empreender uma campanha no twitter contra Marauê.
Quem nunca foi a um lugar e não gostou, e comentou com um amigo, sem calcular o que as pessoas que amam aquele lugar iriam sentir? Não estou defendendo o Marauê, entendam isso. Defendo aqui a liberdade de expressão. E claro, todos os piauienses tem essa liberdade garantida para expressar-se contra Marauê. O que achei errado e muito, foi a atitude do Deputado Fabio Novo de cancelar a apresentação da peça na Câmara Legislativa. Marauê não era o único integrante da peça, outras muitas pessoas também fazem parte do processo teatral e foram prejudicadas com a decisão do deputado.
Não é a primeira vez que acontece essa revolta toda no meu estado contra alguém que não tenha gostado dele.
A dois anos, mudei-me para Brasília, a capital do nosso país. Não quero fazer comparações entre o Piauí e Brasília, quero apenas apresentar aos meus conterrâneos outra realidade, uma realidade muito diferente à realidade que vivemos no Piauí.
o pequeno principe
E foi então que apareceu a raposa:
- Bom dia, disse a raposa.
- Bom dia, respondeu polidamente o principezinho que se voltou mas não viu nada.
- Eu estou aqui, disse a voz, debaixo da macieira...
- Quem és tu? perguntou o principezinho.
Tu és bem bonita.
- Sou uma raposa, disse a raposa.
- Vem brincar comigo, propôs o princípe, estou tão triste...
- Eu não posso brincar contigo, disse a raposa.
Não me cativaram ainda.
- Ah! Desculpa, disse o principezinho.
Após uma reflexão, acrescentou:
- O que quer dizer cativar ?
- Tu não és daqui, disse a raposa. Que procuras?
- Procuro amigos, disse. Que quer dizer cativar?
- É uma coisa muito esquecida, disse a raposa.
Significa criar laços...
- Criar laços?
- Exatamente, disse a raposa. Tu não és para mim senão um garoto inteiramente igual a cem mil outros garotos.
E eu não tenho necessidade de ti.
E tu não tens necessidade de mim.
Mas, se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro. Serás pra mim o único no mundo. E eu serei para ti a única no mundo... Mas a raposa voltou a sua idéia:
- Minha vida é monótona. E por isso eu me aborreço um pouco. Mas se tu me cativas, minha vida será como que cheia de sol. Conhecerei o barulho de passos que será diferente dos outros. Os outros me fazem entrar debaixo da terra. O teu me chamará para fora como música.
E depois, olha! Vês, lá longe, o campo de trigo? Eu não como pão. O trigo para mim é inútil. Os campos de trigo não me lembram coisa alguma. E isso é triste! Mas tu tens cabelo cor de ouro. E então serás maravilhoso quando me tiverdes cativado. O trigo que é dourado fará lembrar-me de ti. E eu amarei o barulho do vento do trigo...
A raposa então calou-se e considerou muito tempo o príncipe:
- Por favor, cativa-me! disse ela.
- Bem quisera, disse o principe, mas eu não tenho tempo. Tenho amigos a descobrir e mundos a conhecer.
- A gente só conhece bem as coisas que cativou, disse a raposa. Os homens não tem tempo de conhecer coisa alguma. Compram tudo prontinho nas lojas. Mas como não existem lojas de amigos, os homens não têm mais amigos. Se tu queres uma amiga, cativa-me!
Os homens esqueceram a verdade, disse a raposa.
Mas tu não a deves esquecer.
Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas"